Em um movimento estratégico para conter a escalada das tensões comerciais com os Estados Unidos, a União Europeia decidiu excluir vinhos e destilados da nova rodada de tarifas retaliatórias anunciadas nesta quarta-feira (9 de abril). A medida, divulgada pela Comissão Europeia, representa um alívio temporário para o setor vitivinícola do bloco, que temia um impacto severo nas exportações, especialmente para o mercado norte-americano.
A exclusão acontece no contexto das represálias europeias às sobretaxas impostas por Washington sobre aço e alumínio. A primeira fase das contramedidas atinge importações no valor de 21 bilhões de euros, aplicando tarifas de 25% a produtos como ovos, papel higiênico, têxteis, cosméticos e até videogames. No entanto, bebidas alcoólicas como bourbon e vinhos norte-americanos foram retiradas da lista final.
França lidera pressão para preservar vinhos europeus
A retirada dos vinhos da lista foi resultado de pressão diplomática intensa, especialmente de países como França, Itália e Espanha, grandes potências do setor vitivinícola europeu. A preocupação principal era uma retaliação tarifária de até 200% por parte dos Estados Unidos, que poderia afetar drasticamente as exportações.
Para especialistas, a decisão da UE revela um esforço claro de Bruxelas em evitar a deterioração das relações comerciais com os EUA. A ameaça de novas tarifas extremas, feita diretamente por Donald Trump, influenciou na reavaliação da lista de produtos afetados.

Pausa temporária também vem dos EUA
No mesmo dia do anúncio europeu, o ex-presidente Donald Trump declarou uma suspensão temporária de 90 dias nas tarifas impostas em 2 de abril. Durante esse período, países que negociarem acordos comerciais com os Estados Unidos terão as tarifas reduzidas para 10%, o que representa um respiro estratégico para o setor vinícola europeu.
Ainda assim, analistas apontam que o alívio é momentâneo e que o cenário permanece volátil. A possibilidade de novas tarifas sobre veículos europeus, previstas para maio, pode reacender o conflito caso as negociações não avancem de forma significativa.
Exportações de vinho em risco
O setor vitivinícola europeu é um dos pilares do comércio agroalimentar do bloco, com destaque para as exportações aos Estados Unidos, um dos principais mercados consumidores. Qualquer barreira comercial imposta nesse contexto teria efeitos devastadores para os produtores e para a cadeia de valor ligada ao vinho na Europa.
A decisão de manter os vinhos fora da nova rodada de tarifas é, portanto, vista como uma manobra diplomática essencial para preservar o equilíbrio comercial, ao menos até que se defina o rumo das conversas bilaterais.
Cenário ainda é de incerteza
Embora a exclusão represente uma vitória momentânea, a Comissão Europeia deixou claro que a lista de produtos tarifados pode ser revista de acordo com a evolução das tratativas com Washington. O setor vitivinícola segue em alerta, consciente de que qualquer avanço negativo nas negociações pode resultar em novas barreiras comerciais.
Em um contexto global marcado por instabilidades econômicas e tensões geopolíticas, a exclusão dos vinhos das tarifas marca um ponto positivo, mas ainda não é garantia de segurança para o futuro do comércio entre União Europeia e Estados Unidos.
Fonte: Revista Adega, adaptado pela Equipe Garrafa do Dia.