Consumo de vinho no mundo em 2024 cai ao nível mais baixo

Consumo de vinho no mundo em 2024 cai ao nível mais baixo

O ano de 2024 marcou um dos períodos mais desafiadores para o setor vinícola global. De acordo com dados divulgados pela Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), o consumo mundial de vinho atingiu seu nível mais baixo desde 1961, totalizando 214,2 milhões de hectolitros. Esse volume representa uma queda de 3,3% em comparação com o ano anterior, evidenciando uma tendência de declínio que vem sendo observada desde 2018 — período em que o consumo global já caiu mais de 12%.

Entre os fatores que explicam essa queda estão a inflação global, o aumento dos preços das bebidas alcoólicas, a mudança nos hábitos de consumo — sobretudo entre os jovens — e transformações demográficas e culturais. Em diversas regiões, o vinho tem perdido espaço para outras bebidas, e o consumo mais consciente também tem impactado o mercado.

Apesar da retração, alguns países continuam exercendo liderança no volume de consumo. Os Estados Unidos permaneceram como o maior mercado consumidor, com 33,3 milhões de hectolitros. Em seguida aparecem França (24,4 milhões de hl), Itália (21,8 milhões de hl), Alemanha (19,1 milhões de hl) e Reino Unido (12,8 milhões de hl). Juntos, esses cinco países representaram cerca de metade de todo o consumo global em 2024.

Quando se observa o consumo per capita, o cenário se modifica. Portugal lidera com folga, com 61,7 litros de vinho consumidos por pessoa no ano. Em seguida estão França (45,8 litros per capita) e Itália (42,1 litros). O dado reafirma a tradição portuguesa no setor vinícola, tanto em produção quanto em hábitos culturais relacionados ao consumo da bebida. Segundo o site Polígrafo, Portugal mantém-se há anos no topo desse ranking europeu.

Em contrapartida à tendência global de queda, o Brasil despontou como um dos poucos países que apresentaram crescimento no consumo de vinho. Segundo a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), o país registrou um aumento de 11,6% no consumo entre 2022 e 2023. Esse avanço se manteve em 2024, puxado principalmente pelo interesse crescente em vinhos nacionais, o fortalecimento do e-commerce e uma maior diversificação da oferta nos supermercados e adegas especializadas.

O caso brasileiro mostra que, mesmo diante de um cenário global de retração, mercados emergentes podem representar uma nova esperança para o setor. Enquanto países europeus enfrentam os desafios de uma população envelhecida e mudança nos hábitos de consumo, regiões como a América Latina e partes da Ásia começam a despertar para o universo do vinho com maior intensidade.

Assim, embora o panorama geral para o mercado vinícola em 2024 tenha sido de queda, o setor ainda encontra caminhos para se reinventar e crescer. A adaptação às novas preferências dos consumidores, a valorização de produções locais e a busca por práticas sustentáveis podem ser determinantes para os próximos anos.

Fonte: Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV)

LEIA TAMBÉM:
Entenda as diferenças entre vinho de mesa e vinho fino
Existe um limite para o consumo seguro de vinho tinto para a saúde?
Exportações de vinhos italianos ao Brasil crescem 14% no 1º trimestre de 2025