Pesquisa com quase seis mil adultos mostra que beber menos de uma taça por dia reduz o risco de desenvolver doença renal crônica (DRC) e ainda traz benefícios cardiovasculares. O trabalho, conduzido pela Universidade do Colorado, acompanhou 5.852 voluntários por um mês e constatou que quem ingeriu até 150 ml diários de vinho apresentou prevalência significativamente menor de DRC em comparação aos abstêmios.
Segundo o nefrologista Tapan Mehta, autor principal do estudo, muitos fatores de risco para a doença renal — como hipertensão e diabetes — são compartilhados com enfermidades cardíacas. Como o vinho já é reconhecido por reduzir eventos cardiovasculares, observar reflexos positivos também nos rins não surpreende. A maioria dos participantes preferiu vinho tinto, rico em polifenóis antioxidantes, especialmente o resveratrol, capazes de combater radicais livres, reduzir inflamações, melhorar a função endotelial e favorecer a vasodilatação, o que auxilia no controle da pressão arterial — um dos principais inimigos dos rins.
Beth Piraino, presidente da National Kidney Foundation, considera as conclusões promissoras e espera que estimulem novas investigações sobre a ligação entre álcool e saúde renal. Ela alerta, contudo, que o excesso de bebida continua sendo prejudicial ao fígado, ao sistema cardiovascular e aos próprios rins.
Os pesquisadores ressaltam que o estudo é observacional, portanto aponta associação, não causalidade, e que o período de acompanhamento de apenas um mês exige confirmações em análises de longo prazo. Além disso, outras formas de álcool não foram avaliadas; por isso, não se sabe se os mesmos efeitos seriam observados com cerveja ou destilados.
Para tirar proveito dos possíveis benefícios, especialistas recomendam limitar o consumo a até uma taça (150 ml) de vinho por dia para mulheres e até duas para homens, preferindo vinhos tintos secos mais ricos em polifenóis. A regularidade moderada — e não o consumo excessivo concentrado em fins de semana — faz diferença. Pessoas com hipertensão, diabetes ou doença renal pré-existente devem conversar com o médico antes de incluir a bebida na rotina.
Em síntese, a evidência sugere que uma pequena dose diária de vinho tinto pode integrar estratégias de proteção renal e cardiovascular, desde que se mantenha o princípio fundamental da moderação.
Fonte: Revista Adega, adaptado pela Equipe Garrada do Dia.
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