Conheça um pouco sobre a origem do vinho

origem do vinho

O vinho, uma das bebidas mais tradicionais e valorizadas no mundo, tem uma origem que remonta a tempos antigos, cercada por mitos, lendas e descobertas arqueológicas. Sua trajetória, no entanto, é repleta de mistérios e incertezas, como menciona Johnson (1999), que ressalta a dificuldade em determinar o local e a época exatos em que o vinho foi produzido pela primeira vez, assim como a identidade do inventor da roda de pedra utilizada na transformação das uvas em mosto, processo que resulta no vinho. Embora a data exata do surgimento do vinho permaneça indefinida, é certo que há cerca de 2 milhões de anos, os humanos já consumiam uvas, precursoras da bebida fermentada que seria celebrada por várias civilizações ao longo da história.

Os egípcios antigos incorporaram o vinho em suas cerimônias religiosas (Fonte: Canva)

Conforme as evidências arqueológicas, foi na Idade da Pedra, por volta de 8000 a.C., que surgiram os primeiros indícios da produção de vinho. Em locais como Çatal Hüyük, na Turquia, e em outras áreas do Oriente Médio, foram descobertas grandes quantidades de sementes de uvas, que indicam o cultivo primitivo dessas frutas, ainda intermediárias entre as variedades selvagens e as cultivadas. As pinturas nas cavernas de Lascaux, na França, também mostram homens consumindo vinho, evidenciando que, naquela época, a bebida já fazia parte do cotidiano das civilizações primitivas.

Uma das lendas mais conhecidas sobre a descoberta do vinho narra que uma donzela de um harém, ao tentar se matar com uvas fermentadas, acabou experimentando uma sensação de prazer e relaxamento. Ao compartilhar sua experiência com o rei, foi decidida a produção de vinho a partir da fermentação das uvas, com Jamshid e sua corte experimentando a nova bebida, que trouxe alegria e tranquilidade (JOHNSON, 1999).

A Grécia Antiga teve um papel fundamental na história do vinho. Os gregos não apenas foram grandes produtores de vinho, mas também iniciaram seu comércio com várias partes do mundo. A Ilha de Chios, famosa por seu vinho, exportava para regiões como Egito, França, Bulgária, Itália e Rússia. Homero, em suas obras, descreve a produção de uvas secas ao sol, uma técnica que aumentava o teor de açúcar nas frutas e resultava em vinhos mais doces, que eram misturados com água e especiarias, servindo também como remédios. A adoração aos vinhos foi tão intensa que se manifestou nos simpósios, encontros onde os gregos se reuniam para beber e celebrar a convivência social.

O vinho também teve uma importância medicinal significativa na Grécia, com Hipócrates fazendo observações sobre suas propriedades curativas. Para os gregos, o vinho era um elemento simbólico, sendo oferecido ao deus Dionísio (Baco ou Líber), representando uma ligação mística com o divino (JOHNSON, 1999).

Por volta de 800 a.C., o vinho chegou ao sul da Itália, trazido pelos gregos, mas os etruscos, que já habitavam a região da atual Toscana, também cultivavam a bebida. Existem controvérsias sobre como as videiras chegaram à Itália, mas o fato de a mais antiga ânfora de vinho encontrada ser de origem etrusca, datando de 600 a.C., atesta a relevância dessa civilização no cultivo e comércio do vinho.

Hoje, a produção de vinhos é um mercado global (Fonte: AI/Canva)

Durante a Idade Média, a Igreja Católica teve um papel essencial no renascimento e aprimoramento dos vinhedos. Por ser utilizado como símbolo litúrgico, o vinho se tornou um dos principais bens produzidos pelos mosteiros. Ordens religiosas como os franciscanos, beneditinos e cistercienses eram responsáveis por grandes vinhedos, e os hospitais, que cuidavam dos necessitados, também se tornaram centros de produção e distribuição de vinho, com destaque para o Hôtel-Dieu ou Hospice de Beaune, fundado em 1443 (JOHNSON, 1999).

O processo de expansão do cultivo de videiras e produção de vinhos seguiu pelas expedições colonizadoras europeias, alcançando novos continentes como as Américas e África. Em 1493, Cristóvão Colombo levou as primeiras videiras para as Américas, onde o cultivo se espalhou, inicialmente pelo México e sul dos Estados Unidos, e posteriormente para os países da América do Sul, onde a produção de vinho se consolidaria (JOHNSON, 1999).

Ao longo dos séculos, o vinho evoluiu, adaptando-se aos novos territórios e culturas, mas sempre mantendo sua importância tanto como bebida social quanto medicinal. Hoje, a produção de vinhos é um mercado global, e suas raízes históricas continuam a influenciar a maneira como a bebida é cultivada e apreciada em todo o mundo.

Fonte:

JOHNSON, H. A história do vinho. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.