O vinho tinto é frequentemente mencionado como um possível aliado da saúde cardiovascular, mas será que o consumo regular dessa bebida realmente traz benefícios? Especialistas afirmam que há pontos positivos, mas alertam para a importância da moderação, para evitar riscos à saúde.
O cirurgião vascular Ivan Casella, diretor da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), destaca que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo moderado de vinho equivale a uma dose diária para mulheres e duas doses para homens. Para se ter uma ideia, isso seria cerca de 90 ml de vinho tinto ou 125 ml de vinho branco, o que indica que uma taça diária, durante a semana, é aceitável. No entanto, Casella enfatiza dois pontos importantes: primeiro, o álcool pode levar à dependência, e, portanto, é essencial tomar precauções para evitar o vício.

A nutricionista e doutora pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Débora Strose Villaça, corrobora a importância da moderação. “Apesar do consumo de vinho trazer benefícios à saúde, o consumo frequente de álcool não é recomendado, pois aumenta o risco de outras doenças”, alerta a especialista. Além disso, nem todos podem incluir o vinho em sua dieta, devido a questões de saúde ou predisposição ao vício. “Pessoas com doenças específicas, como diabéticos e portadores de doenças do fígado, devem evitar o consumo de álcool”, acrescenta.
O que há de saudável no vinho?
O vinho tinto é rico em polifenóis, compostos bioativos que podem beneficiar a saúde metabólica e intestinal. Esses polifenóis, encontrados principalmente na casca da uva, possuem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Eles ajudam a proteger as células contra o estresse oxidativo, um fator que contribui para o envelhecimento precoce e o desenvolvimento de doenças crônicas, como as cardiovasculares.
Um dos polifenóis mais conhecidos no vinho tinto é o resveratrol, que tem sido associado à melhoria da função cardiovascular e ao envelhecimento celular saudável. A nutricionista Débora Strose Villaça destaca que o consumo moderado de vinho tinto tem sido relacionado à melhora do perfil lipídico e à redução do estresse oxidativo. Além disso, o vinho tinto pode colaborar no equilíbrio da microbiota intestinal, promovendo o crescimento de bactérias benéficas que favorecem uma melhor absorção de nutrientes.
Casella também ressalta os efeitos positivos do vinho tinto para a saúde cardiovascular. “Os compostos antioxidantes e anti-inflamatórios presentes no vinho tinto têm mostrado reduzir a resistência à insulina e diminuir o estresse oxidativo, o que traz benefícios para a saúde cardiovascular”, explica.

No entanto, há controvérsias dentro da comunidade médica sobre o impacto do álcool presente no vinho. Alguns estudos indicam que o álcool pode anular os efeitos positivos dos polifenóis, enquanto outros sugerem que, quando consumido com moderação, o vinho tinto continua a promover efeitos cardioprotetores. Casella observa que, embora o consumo de álcool possa ser prejudicial a certos grupos, como diabéticos e portadores de doenças do fígado, em indivíduos saudáveis, uma ingestão moderada de vinho tinto ainda pode trazer benefícios.
Vinho tinto pode fazer parte de uma rotina saudável?
Apesar das ressalvas, os especialistas afirmam que uma taça ocasional de vinho tinto pode ser apreciada sem grandes impactos negativos à saúde, desde que inserida em um contexto de alimentação equilibrada e hábitos saudáveis. Débora Strose Villaça destaca que “uma taça de vinho eventualmente não causa prejuízos à saúde e não afeta uma alimentação equilibrada”.
Por outro lado, Casella reforça que o vinho não deve ser encarado como uma solução milagrosa. “Embora os polifenóis do vinho tragam benefícios conhecidos, não se deve subestimar os efeitos nocivos associados ao consumo de etanol”, adverte.
Portanto, o consumo de vinho tinto deve ser avaliado individualmente, levando em consideração os riscos e benefícios para cada pessoa. Em caso de dúvidas, a melhor recomendação é sempre consultar um profissional de saúde para orientação personalizada.
Fonte: Infomoney, adaptado pela Equipe Garrafa do Dia.